segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Margarita Correia: “A língua evolui na diversidade, mas deve ter uma única norma ortográfica”


A linguista portuguesa Margarita Correia é presidente do Instituto de Linguística Teórica e Computacional (ILTEC) de Portugal. Ela concedeu entrevista em 28 de junho ao Grande Jornal do canal RTP Informação, na ocasião das celebrações dos oitocentos anos do Testamento de D. Afonso II, o mais antigo documento oficial da língua portuguesa.
A linguista defendeu o Acordo Ortográfico e a adoção de uma norma ortográfica comum para todas as variedades da língua. “Eu acho que as línguas todas vivem precisamente da sua variedade. Em termos institucionais – e em função da promoção da língua, por exemplo, ao nível das organizações internacionais –, é pertinente que a língua tenha uma única norma ortográfica.”
E destacou que a unidade ortográfica não significa uniformização da língua. “A língua portuguesa evolui em função daquilo que os seus falantes fazem dela. É uma língua que é cada vez mais falada e, como está em mais pontos do globo, isso vai provocar mais diversidade.”
–– Portais para uma língua pensada para todo o mundo ––
Margarita Correia reconheceu o significado do peso demográfico de quem hoje fala a língua portuguesa. E declarou que a política de difusão da língua para usos técnicos, empreendida pelo ILTEC, “não é só pensada para o público português, uma vez que a informação que está disponível na Internet é para todo o mundo”.
Os portais do ILTEC, como o Portal da Língua Portuguesa, “são usados em muitos países que não Portugal. E também no Brasil, e também pelas comunidades portuguesas nas vários partes do mundo, e pelos professores de português que dão aulas também pelos vários pontos do mundo.”
“Não compete ao Instituto determinar normas nem políticas linguísticas. De facto, aquilo que nós fazemos é investigação científica e disponibilizamos os resultados da nossa investigação”, disse a presidente do ILTEC.
–– Sobre a “língua portuguesa dos telemóveis” ––
A linguista opinou sobre a forma como a língua portuguesa é usada pelos jovens nos meios digitais: “Eu não acho grave a forma como se escreve nos telemóveis. Quando eu era estudante, tínhamos que tomar muitos apontamentos; também tínhamos todo um sistema de abreviaturas. Não me parece que isso traga qualquer prejuízo à língua portuguesa. O que é preciso é que as pessoas que as usam entendam que as podem usar em determinados contextos, mas que no uso formal não podem.”
Disse ainda Margarita Correia, que é também professora de linguística da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa: “Eu tenho alunos de primeiro ano. E nenhum dos meus alunos utiliza esse tipo de escrita quando escrevem textos para me entregar, nem nos textos manuscritos nem sequer nos textos no computador.”
Na entrevista à RTP, a linguista e professora falou também sobre a colaboração que o ILTEC empreende com o Instituto Internacional da Língua Portuguesa, nos trabalhos para a elaboração do Vocabulário Ortográfico Comum e dos Vocabulários Ortográficos Nacionais a ele relacionados.
• Abaixo, a entrevista de Margarita Correia ao Grande Jornal, do canal RTP Informação, de 28 de junho de 2014:



–– Extraído do sítio da RTP (Portugal) ––
[Fonte: ventosdalusofonia.wordpress.com]

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